A possibilidade de utilizar o saldo do FGTS como garantia para empréstimos bancários, recentemente anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem gerado discussões entre economistas, que apontam potenciais riscos de endividamento das famílias, mesmo com a promessa de juros mais baixos. A medida, chamada de “Crédito do Trabalhador”, tem como objetivo ajudar os contribuintes a lidarem com os altos preços, impulsionados pela inflação, e possibilitar o pagamento de dívidas com bancos ou agiotas.
Programa de Empréstimo Consignado: Garantia do FGTS
O empréstimo consignado será autorizado apenas para trabalhadores com carteira assinada, e o saldo do FGTS servirá como garantia. Em caso de inadimplência, o valor do fundo poderá ser utilizado para quitar a dívida. O programa permitirá que os bancos ofereçam diferentes condições de juros e formas de pagamento, mas alguns especialistas questionam a sustentabilidade dessa solução.
Economistas Criticam a Medida
Leandro Cabral, economista, argumenta que a medida pode ser uma forma de atrair eleitores, comparando-a a operações de crédito realizadas por bancos tradicionais. Embora admita que os juros possam ser mais baixos devido à garantia do FGTS e ao desconto direto na folha de pagamento, ele ressalta que isso não elimina os riscos associados ao programa.
Além disso, Cabral alerta para a redução das exigências para o empréstimo, o que pode facilitar o acesso ao crédito, mas também aumentar os riscos de endividamento para os trabalhadores. “Sempre que a burocracia diminui para fazer empréstimo, as pessoas acabam se endividando”, afirmou.
Impacto Econômico e Inflacionário
A medida também gerou preocupações entre economistas em relação ao impacto na economia. A troca de empréstimos com juros altos por dívidas com juros mais baixos pode, paradoxalmente, aumentar a circulação de dinheiro entre os consumidores. Isso poderia contrariar os esforços do Banco Central para controlar a inflação, que recentemente elevou a taxa de juros para 14,25%.
Com isso, há o risco de que a medida, embora voltada para aliviar a situação dos trabalhadores, acabe por gerar um ciclo de endividamento que contribua para a inflação, tornando a solução mais arriscada do que benéfica em longo prazo.